Futebol Feminino: o quão longe chegamos?

JOGA Brazil
7 min readFeb 10, 2021

Como o futebol feminino tem mostrado progresso através das fronteiras e construído um futuro melhor

O fato da NWSL ter sido o 1º esporte de contato profissional a voltar a jogar e ter saído com grandes resultados pode ser reconhecido como uma grande conquista para todas as pessoas que trabalham no setor esportivo. Além disso, há o impressionante crescimento de espectadores para celebrar:

“O NWSL deu um enorme salto global de 493%, de acordo com a comissária da liga Lisa Baird, e um recorde de 653.000 espectadores sintonizados para assistir ao seu campeonato na CBS. Todos os outros esportes de equipe viram o seu número de espectadores diminuir ano após ano, de acordo com a Sports Media Watch”.

O grupo de sócio-investidores do Angel City FC foi definitivamente mais um grande momento para o Futebol Feminino. O fato de mulheres famosas e poderosas terem decidido investir no jogo das mulheres é uma grande notícia para todos. É excelente não só devido aos grandes nomes ligados ao futebol como Abby Wambach, Shannon Box, Mia Ham, Julie Foudy, e Joy Fawcett, mas também devido a outras atletas como Candace Parker, e Serena Williams. Mais recentemente, Naomi Osaka começou a investir no North Carolina Courage.

Outro grande momento recente foi assistir Megan Rapinoe, Nadia Nadim, Marta, Shanice Van de Sanden, e Pernille Harder (entre outras pessoas fantásticas) na iniciativa “Outraged — Football Tackles Discrimination” (Ultrajado — Futebol Combate a Discriminação). É muito satisfatório quando futebolistas de tamanha influência se unem para tratar de questões sociais importantes e podemos torcer pelo impacto cultural positivo que eles podem alcançar em todo o mundo.

Acho que Mara Gómez tornando-se a primeira mulher abertamente transgênero a jogar em um jogo de futebol profissional na Argentina e Yuki Nagasato jogando pela primeira equipe de um clube masculino no Japão também foram dois eventos ENORMES que quebraram barreiras no jogo internacional feminino.

Segundo a mídia The Guardian, a realização de Gómez não é uma novidade mundial. Jogadores de futebol trans atuam na Samoa Americana, Espanha, Canadá e Inglaterra — mas este é um momento importante em um país onde o futebol está entrelaçado com a identidade nacional. “Eu represento uma quebra do binário”, diz a futebolista profissional transgênero Mara Gómez.

Em uma entrevista para a BBC Sport, Quinn, a defensora do time de futebol feminino do Canadá, falou recentemente sobre se assumir como transgênero. A jogadora de futebol de 25 anos disse que “na maioria das vezes”, o futebol feminino é um espaço de apoio — mas ainda existem “espaços de ignorância”.

Quinn está atualmente emprestado ao clube sueco Vittsjo GIK do time OL Reign da Liga Nacional Americana de Futebol Feminino (NWSL).

“Tem sido uma viagem realmente longa com [as colegas de equipe do Canadá] e elas são pessoas que considero algumas das minhas melhores amigas”, diz Quinn. “Muitas dessas jogadoras têm sido meu apoio concreto ao longo deste processo”.

Nagasato também cruzou a barreira do gênero quando assinou o contrato de empréstimo com o Hayabusa Eleven do clube matriz Chicago Red Stars da NWSL. Ela jogará pela equipe de expansão da NWSL Racing Louisville a partir da temporada 2021. Sobre a experiência no time masculino, a jogadora de futebol disse:

“(…) Construir relacionamentos, aprender uns com os outros, compartilhar um sentimento e emoções são coisas que precisam da base do trabalho com as pessoas & não há diferença de gênero nisso.

Certamente há mais velocidade, mais potência, isso é um fato. Mas isto é uma parte, não TUDO. Espero que você veja mais habilidades que são importantes para se jogar bem futebol. Havia muitas coisas a aprender, então não posso esperar pela próxima captura. (…)”

A Associação de Futebol do Japão — JFA anunciou a Liga de Empoderamento das Mulheres — WE League em junho de 2020, a nova competição de futebol feminino profissional do Japão, com a competição a começar na temporada de outono de 2021. A nova liga planejava ter 6–10 times profissionais, mas em outubro a JFA já revelou 11 clubes para a 1ª temporada. A associação também estipulou que pelo menos 1 executivo por clube deve ser uma mulher, enquanto as mulheres devem ser pelo menos 50% entre os funcionários de cada time dentro dos próximos 3 anos.

A visão de Kikuko Okajima para a WE League é nada menos do que ambiciosa. As melhores jogadoras e treinadoras do mundo inteiro. Promoção das questões LGBTQ. Mercados comunitários fora dos estádios. Monetização dos dados biométricos das jogadoras. A gestão da Liga WE traça um caminho ambicioso e progressivo para o futebol feminino.

Okajima viveu nos Estados Unidos durante 29 anos. Antes disso, ela foi membro do FC Jinnan, o primeiro clube de futebol feminino do Japão, e ajudou a fundar a Federação Japonesa de Futebol Feminino — a organização que eventualmente impulsionou a JFA a começar a registrar as jogadoras e formar uma equipe nacional. “É importante pensar sobre quais são suas ambições pós-jogadora enquanto você ainda está jogando, e não há muito apoio disponível para as jogadoras conseguirem isso”, disse Kikuko. É interessante ver estes movimentos também considerando os Jogos Olímpicos de Tóquio que estão por vir.

A Argentina está substituindo o Japão na Copa SheBelieves, que começa no dia 18 de fevereiro. A Argentina acabou de ter seu primeiro campeonato de futebol profissional feminino. O Boca Juniors derrotou o River Plate na final, derrotando seus rivais por 7 a 0 e eliminando o “torneio de transição” de 2020/21. O Boca já era o clube feminino de maior sucesso na Argentina, com 23 títulos conquistados na era amadora, antes de 2020. No entanto, a federação nacional argentina — AFA definiu uma nova estratégia para o futebol feminino no outono passado, que incluía a promessa de 12 jogadoras em cada equipe estarem com contratos profissionais.

No Brasil, desde março do ano passado, a CBF equiparou os valores em termos de prêmios e taxas diárias entre o futebol masculino e o feminino. Isso significa que, como jogadores, eles ganham a mesma coisa. O que mulheres e homens ganharão nas Olimpíadas por vitórias ou por etapas será o mesmo, revelou o Presidente da CBF.

A sueca Lilie Persson foi escolhida como nova treinadora assistente da Pia Sundhage na seleção feminina brasileira com o objetivo de disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Esta foi a parceria de sucesso que levou a Suécia a conquistar a medalha de prata nos Jogos Rio 2016.

O Brasil mostrou um recorde de investimentos nas competições femininas, com cotas de prêmios e 100% de transmissão dos jogos. A representação feminina vem crescendo e finalmente estamos vendo o trabalho necessário com as categorias de base feminina, que competem agora mesmo no Campeonato Nacional Feminino Sub-18 do Brasil em 2020. Não dá para descolar esses avanços no futebol feminino no Brasil das recentes mudanças na CBF, como, em especial, a contratação de mulheres como Aline Pellegrino e Duda Luizelli.

Na América do Sul, a arbitragem também tem quebrado barreiras. A árbitra argentina De Almeida, entre as brasileiras Edina Alves Batista (árbitra) e Neuza Back (árbitra assistente), foram as primeiras mulheres a fazer parte da equipe de arbitragem de uma Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2020 neste domingo (7 de fevereiro de 2021).

Bem, há muito mais a considerar ao redor do mundo, mas vejam até onde chegamos! Esta é minha compilação de como o futebol feminino vem mostrando fronteiras de progresso e contribuindo para um futuro melhor. Que fatos positivos você acrescentaria?

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